Os mercados de ações nos dois lados do Atlântico começaram a semana exibindo forte alta, com os investidores comemorando os sinais de progressos em Washington para evitar o chamado "abismo fiscal" e de dois dados apontando melhora sustentada do mercado de moradia dos Estados Unidos - vendas de imóveis usados e sentimento das construtoras.
O índice Dow Jones subiu 1,65%, para 12.795,96, no melhor pregão em cerca de dois meses. Todos os 30 papéis do índice computaram ganhos. Dentre os destaques ficaram as ações do Bank of America, com ganhos de 4,1%. O Standard & Poor"s subiu 1,99%, para 1.386,89 pontos. E o Nasdaq Composite registrou valorização de 2.21%, alcançando 2.916,07 pontos. A Apple esteve entre as que brilharam, com avanço de 7,2%.
Michael Hewson, da CMC Markets, mostrou-se cauteloso, apesar da animação de ontem. "Muitos obstáculos continuam até que haja uma solução final. Não só nos Estados Unidos, mas na Europa e com a sustentabilidade da dívida da Grécia", disse.
Hoje os ministros das Finanças da zona do euro - o chamado Eurogrupo - encontram-se em Bruxelas e espera-se que sejam acordados os detalhes para a liberação da próxima tranche do pacote de ajuda à Grécia.
Apesar do início de semana empolgante, analistas alertam para o fato desse ganho ocorrer em um período esvaziado: primeiro porque na quinta-feira será feriado de Ação de Graças nos EUA, com mercados fechados e sessão reduzida na sexta-feira, o que contribui para minguar o volume negociado; e segundo por causa do recesso do Congresso e da ausência do presidente Barack Obama, que no fim de semana iniciou um giro pela Ásia.
Os principais índices acionários da Europa também fecharam os pregões em forte alta. No final dos negócios, os índices ainda tiveram um impulso extra com os dados positivos do setor imobiliário americano. O índice de ações europeu Stoxx 600 subiu 2,2%, aos 268,59 pontos.
O FTSE 100, da bolsa de valores de Londres, subiu expressivos 2,4%, encerrando o dia a 5.737,66 pontos; CAC-40, de Paris, avançou 2,9%, aos 3.439,58 pontos; e o DAX, de Frankfurt, teve valorização de 2,5%, aos 7.123,84 pontos. Para o FTSE Mib, de Milão, o dia representou resultado positivo de 3,1% (15.308,90 pontos). E o Ibex 35, de Madri, ganhou 2,3%, para 7.763.80 pontos.
As instituições financeiras apresentaram bom desempenho. Os bancos espanhóis Santander e BBVA avançaram 3,2% e 2,7%, respectivamente. Na Alemanha, Commerzbank teve ganho de 5,2%.
Em terreno americano, a Associação Nacional das Construtoras de Casas informou que o índice de confiança das empresas do setor subiu para 46 pontos em novembro, superando a projeção de alta para 42. Os números de vendas de imóveis usados nos Estados Unidos também tiveram um efeito positivo nos pregões. Foi reportada alta de 2,1% nas vendas de outubro, contrariando a previsão de queda de 1,1%.
"Eu realmente penso que o mercado está subindo porque Washington vai virar uma cidade fantasma [nesta semana], o presidente está fora do país e o Congresso só volta a se reunir na metade da próxima semana. Portanto, não há ninguém para dar declarações que possam romper esse bom humor", disse Art Cashin, diretor de operações da UBS Financial Services, para a CNBC.